sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Primeiro a diversão, depois a obrigação

Na minha infância, meu pai sempre dizia, primeiro você estuda e depois se diverte. Quando se é criança a única obrigação que se tem é passar de ano. Levando isso para a vida adulta, primeiro as obrigações, depois a diversão.

No meu entendimento sediar uma Copa do Mundo ou Olimpíadas é diversão para um país. Trazendo o ensinamento de meu pai, que não nenhuma invenção da roda, para um país primeiro as obrigações com seu povo e depois a diversão.

A revista Veja de 21/12/2011, traz um encarte produzido pela Placar intitulado “O Novo Futebol Brasileiro”. Dentre os assuntos abordados pelo encarte está as obras dos estádios que sediarão jogos da Copa no Brasil. Alguns estão sendo apenas reformados, outros foram demolidos para erguer um novo, enquanto que outros estão sendo construídos. O que chama atenção são os orçamentos estratosféricos dos estádios. Darei alguns exemplos para não estender demais o texto. O Maracanã, por exemplo, está sendo reformado e está orçado em R$ 884 milhões. A reforma do Mineirão custará R$ 695 milhões. Já o estádio Mané Garrincha, que mudará de nome e será chamado de Estádio Nacional, foi posto abaixo e o novo está sendo erguido por R$ 688 milhões. Quem está na mesma situação é o estádio da Fonte Nova, que também foi demolido e um novo custará R$ 597 milhões. O estádio que sediará a abertura da Copa está sendo construído, trata-se da Arena de São Paulo, que custará R$ 820 milhões e será “doado” para o Corinthians.

Obras do novo estádio da Fonte Nova

Essa farra dos estádios custará algo em torno dos 6,7 bilhões de reais aos cofres públicos. O curioso é que quando o Brasil foi anunciado sede da Copa do Mundo de 2014, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, deixou claro que as reformas e construções dos estádios teriam zero de dinheiro público, isto é, o setor privado financiaria a Copa do Mundo. Conversa para boi dormir. Na época, não acreditei nisso e escrevi esse texto logo após o anúncio.

O governo brasileiro está gastando 6,7 bilhões de reais numa diversão para estrangeiro ver. O custo do ingresso para um jogo da Copa do Mundo é muito alto para o bolso do brasileiro, por isso poucos terão acesso. Apesar do país se encontrar em pleno desenvolvimento e crescimento econômico, ainda temos inúmeros problemas de alto grau de importância para resolver, como educação, saúde e segurança.

O Brasil colocou a diversão na frente das obrigações. Gastará tubos de dinheiro para construir estádios, sendo que muitos deles virarão enormes elefantes brancos depois da Copa do Mundo. Esses tubos de dinheiro seriam de muito mais valia se fossem empregados na saúde precária do país ou no falido sistema educacional, por exemplo. Mas o governo brasileiro prefere varrer a sujeira pra debaixo do tapete e maquiar o país para mostrar pros gringos que o povo brasileiro adora futebol.

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